RESENHA DOCUMENTÁRIO SEM PENA

Padrão

Inquietante assistir o doc SEM PENA, que mostra o já sabido colapso do sistema prisional brasileiro.

As imagens da bela arquitetura dos tribunais em contraste gritante com a precariedade do ambiente carcerário, mais os fortes relatos como o do jovem preso por ser confundido com um estuprador; o da usuária de droga enquadrada como traficante; pena para furtos de bagatela sendo cumprida junto com criminosos de bem maior periculosidade provavelmente criarão um turbilhão em sua cabeça.

Enriquecido com depoimentos como o do antropólogo Luiz Eduardo Soares, também ex-secretário da Segurança Publica do Rio de Janeiro, o qual declara que a impunidade é relativa apenas a algumas classes sociais. Assim como o do coordenador da Pastoral Carcerária, o padre Valdir Silveira, que aponta o efeito devastador da prisão na vida social e familiar. E, ainda, o do professor da Faculdade de Direito da USP, Alvino Augusto de Sá: “O grande litígio que está por trás do crime é entre o ter e não ter, entre os possuidores e os não–possuidores, entre estar incluído e não estar”.

Inevitável os questionamentos que surgem durante o documentário: o que estaria por trás do encarceramento maciço, posto que a reincidência de setenta e cinco por cento comprova que estamos muito distantes da ressocialização? Como uma máquina judiciária pode funcionar ao meio daquele labirinto de processos? Qual a razão da mudança semanal das regras de trajes para visita, criando todo um comércio de roupas na parte externa dos estabelecimentos penais?

Excelente direção de Eugenio Puppo, premiado como melhor filme pelo Júri Popular no 47º Festival de Brasilia

Deixe um comentário